Seu nome: Dario José dos Santos. Apelidos: Dario Peito de Aço, Dadá Maravilha ou Dadá Beija-Flor. Nos campos do Brasil, defendeu dezesseis times diferentes e segundo suas contas, fez 926 gols, marca superada apenas pelo Rei Pelé. Foi em 1987, aos 41 anos que Dario resolveu iniciar uma curta carreira de técnico de futebol. Escolheu o Flamengo de Varginha, um time que disputava a Segundona Mineira e queria subir para a Divisão Principal. Irreverente e muito inteligente, Dario foi homenageado pela imprensa da cidade com um churrasco e na oportunidade, num ambiente de descontração total, pode contar várias histórias que marcaram a sua vida e carreira. Numa animada rodinha, Dario foi respondendo uma a uma, todas as indagações dos jornalistas. Falou do difícil início de sua carreira, de suas desventuras, sua infância pobre, suas alegrias e das lições que a vida lhe aplicou.
Dario José dos Santos, o Dadá, que adotou o cognome Maravilha quando no Flamengo do Rio, substituiu o não menos famoso Fio. Mas não é só. Dadá tem outro cognome, Beija-Flor, por ter sido, verdadeiramente, o único jogador que conseguia "PAIRAR" no ar.
ESTÓRIAS QUE DADÁ ME CONTOU
QUANDO JOGADOR do Santa Cruz de Recife, Dario bateu o recorde brasileiro e mundial que até hoje não foi superado. Marcou 10 gols numa só partida. A vítima foi o Santo Amaro, eterno “saco de pancadas” do futebol daquele estado. Naquela mesma semana o adversário do Santa Cruz seria o outro lanterna do campeonato, o Íbis, que depositava sua sorte no zagueiro “Vitão”, um crioulo forte, de 1,80m de altura, que no dia anterior ao confronto, jurara “de pés-juntos” que Dario não marcaria nem cinco gols naquela partida. Mal começou o jogo, no primeiro lance na área, Dadá sentiu uma espetada no trazeiro. Era o crioulão que, com muita malandragem usava e abusava de um alfinete. A cada espetada, Dario reclamava ao juiz, sem sucesso. Terminado o primeiro tempo, o Santa Cruz já vencia por 5x0 e Dario não havia feito gol algum. No vestiário não tendo outra alternativa, ele conseguiu uma agulha, bem maior que o alfinete do crioulão, escondeu-a na meia. No primeiro lance na área, Dario não se preocupou com a bola, colocando-se atrás do zagueiro. Foi subir os dois juntos, Dario espetou a agulha no trazeiro do negão que deu um urro caindo na área, mas como era um bom malandro não foi reclamar ao juiz. Nos lances seguintes, bastava Dario mostrar a agulha para o zagueiro se afastar. Naquela partida, Dario fez quatro gols e Vitão saiu de campo super satisfeito, pois sua promessa havia sido cumprida. Ele havia dito que Dario não iria fazer cinco gols nesta partida.
NO INÍCIO DE SUA CARREIRA, quando defendia as cores do Campo Grande (Rio), Dario tinha um sonho muito particular. Jogar contra seu ídolo maior e ser driblado por ele. O ídolo era o famoso Garrincha, “a alegria do povo”. Era um sonho estranho, mas para o jovem Dario, aquilo representava muito. Quando chegou o grande dia, o do jogo Campo Grande x Botafogo, Dario ficou na reserva. Quase no final do jogo, implorou ao treinador para deixá-lo jogar: faltavam 10 minutos e o Campo Grande perdia de 3x0. Foi entrar em campo, ainda frio, ele percebeu que Garrincha dominava a bola, pela ponta. Lá foi Dario postar-se na frente do grande ídolo que, numa “ginga” sensacional, o deixou sentado na grama e saiu com a bola dominada para o outro lado. A alegria foi tanta e ninguém entendeu a empolgação que tomou conta de Dario naqueles 10 minutos restantes. No primeiro lance de perigo na área do Botafogo, ele subiu mais que o zagueiro e fez o único gol de sua equipe e saiu vibrando como se fosse o vencedor...
NOS ANOS EM QUE FOI jogador do Clube Atlético Mineiro, Dario começou uma mania que até hoje é imitada pelos atacantes e artilheiros de nosso futebol. Era a de dar nomes aos gols. Para comemorar o Dia dos Namorados, ele prometeu fazer o gol “Ternura” e pediu que todos no Estádio se beijassem, não importando quem estivesse ao lado. Marido com mulher, pai com filha, irmão com irmã, namorado com namorada e homem com homem. Ele queria ver todos se beijando no Mineirão. Foi uma festa e um beijatório total, quando aos 25 min do 1º tempo, Dadá jogou para os fundos das redes, a bola que representava o gol “Ternura”. Saiu mandando beijinhos para a torcida e lá do gramado, se podia ouvir os “estalos” que os beijos lançavam ao ar. Depois de alguns meses, Dario saiu para fazer compras. Foi entrando numa loja e perguntando à balconista a respeito de uma peça íntima. Notou que ela ficou branca, assustada e gaguejou algo parecido com: “- Espere, vou chamar meu marido!” Dario achou estranho, ficou até com medo de que a moça o tivesse interpretado mal, mas resolveu esperar o marido, pois sua consciência estava tranqüila. Aí apareceu a mulher, arrastando o marido pelo braço. Foi logo explicando que os dois haviam se casado há poucas semanas e que tudo havia começado naquele jogo do gol “Ternura”. Desde o início, os dois estavam trocando olhares apaixonados, mas como o pai da garota não dava chance, ele torceu fervorosamente para que Dario cumprisse sua promessa. Quando saiu o gol, ele e ela num salto planejado por telepatia, se abraçaram e se beijaram à vontade. O pai da garota, feliz da vida, nem se apercebeu... Então deu no que deu, casaram-se e viveram felizes para sempre, graças a Dario e ao gol “Ternura”.
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